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Análise: é hora do Galo definir perfil de jogo e apostar em um trabalho a longo prazo

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O Atlético-MG está no mercado à procura de um treinador. Cuca já recusou a proposta. Alexandre Gallo e a diretoria já traçaram um perfil do profissional que querem: um técnico que faça o time jogar para frente, de forma ofensiva e veloz, de acordo com o elenco que foi montado. É um excelente início. Não pelo modelo de jogo em si, mas sim por ele estar definido e orientar a busca do novo comandante no mercado. É necessário, porém, que clube e torcida entendam que é um início. O clube precisa ter paciência para voltar a ser protagonista no cenário nacional.

A diretoria atual, encabeçada por Sérgio Sette Câmara, tem como principal orientação nas ações diretivas a cautela com as finanças do clube. O presidente se orgulha de ter montado um bom elenco sem gastar “um centavo”, isso porque contratou, em 2018, apenas jogadores sem contrato ou que vieram por empréstimo. É, sim, um grupo de jogadores com qualidade, mas tem carências. Apesar disso, não são os “buracos” no elenco que mais atrapalham o time, e sim a falta de convicção nos trabalhos recentes, característica observada com clareza no ano passado. Está na hora de olhar para trás e observar atentamente os erros. Para não repetir, claro.

O ano de 2017 começou de forma interessante. A então diretoria apostou em Roger Machado, treinador jovem e com ideias diferentes. O elenco tinha muita qualidade, mas tropeçou muito, o que era natural, já que vivia a fase de adaptação ao novo técnico. A direção não quis esperar e optou por encerrar o trabalho em um momento crucial da temporada. Como não tinha tempo para iniciar um novo ciclo, já que estava no meio de disputas importantes, como a Copa do Brasil e a Libertadores, o Galo optou por contratar um treinador que conhecia o clube, para facilitar na adaptação. Rogério Micale chegou. Também não deu certo.

O treinador campeão olímpico viveu um momento complicado na equipe, os bastidores não estavam legais, as estrelas do time não jogavam. A mudança era necessária. Oswaldo de Oliveira foi contratado pela experiência. Com muito tempo de futebol, ele saberia bem lidar com o grupo de medalhões que o clube tinha. Saberia tirar o melhor daqueles jogadores. Em parte, funcionou. Alguns jogadores importantes voltaram a jogar bem, a equipe afastou todo o risco que tinha de rebaixamento e ficou fora por um ponto da Libertadores 2018. Pelo bom trabalho que fez no fim do ano, por coerência, Oswaldo foi mantido.

Pensar na frente
Os resultados no início de 2018 não foram bons. O time começou o ano tropeçando muito no Campeonato Mineiro e classificando no sufoco na Copa do Brasil, com um empate com o modesto Atlético-AC. Mais do que isso, o mais preocupante é que o Atlético-MG apresentou, até aqui, um bom futebol em pouquíssimos momentos da temporada. Para piorar, Oswaldo se envolveu em uma confusão com o jornalista Léo Gomide, o que prejudicou o ambiente interno do clube. Foi demitido – vale ressaltar que a diretoria garante que apenas critérios técnicos definiram a saída do comandante.

Chegamos, portanto, ao momento atual. A pressão da torcida é grande por uma resposta rápida, mas a diretoria precisa pensar a longo prazo. Os cofres estão vazios, o elenco é menos badalado, as dívidas existem. Por outro lado, o “pé no chão” financeiro desta temporada tem tudo para render bons frutos nos próximos anos, e o estádio próprio do clube, que será importantíssimo do ponto de vista das finanças, deve ficar pronto em 2020. O cenário do “logo ali” é positivo. A diretoria precisa ter paciência para chegar até ele da forma mais firme e consolidada possível, inclusive dentro de campo.

Tecnicamente, é hora de definir situações importantes e dar tempo para o trabalho. É um time veloz e ofensivo que o clube quer? Que o treinador que venha tenha, de fato, este perfil. Que o critério da contratação seja técnico, diferentemente das últimas duas, quando Micale e Oswaldo chegaram para “apagar incêndio”. E o mais importante: que o trabalho tenha tempo para se consolidar. A tendência é que não venham títulos rápidos, que o time não deslanche com a velocidade que a torcida quer. Ainda assim, vale a pena dar tempo ao tempo. É o que os jogadores querem, é o que o Galo precisa.

Sette Câmara vê o clube “no caminho” para voltar a ser protagonista no futebol brasileiro. Ele pode estar certo, mas o futuro depende do agora. A contratação do treinador para o restante de 2018 é importante, claro, para a atual temporada, mas é ainda mais importante para os próximos anos.


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