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Por necessidade de socialização imigrantes brasileiros espalham o Evangelho no Japão

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Segundo o Shukyo Nenkan de 2019, o relatório religioso anual da Agência de Assuntos Culturais do país, há 84 mil organizações xintoístas (46,9%), 77 mil budistas (42,6%) e 4,7 mil cristãs (2,6%) ativas. Também há 14 mil organizações de outras religiões (7,9%), não identificadas nominalmente. Tampouco há distinções entre igrejas cristãs católicas e evangélicas.

Oficialmente, o número de instituições cristãs não teve alteração expressiva — em 2009, eram 4,3 mil organizações ativas (2,4% do total), uma diferença de 400 unidades diante de 2019. Extra oficialmente, entretanto, o movimento migratório dos dekasseguis impulsionou um fenômeno de novas igrejas evangélicas brasileiras, fora do radar das estatísticas japonesas.

Em 1997, estimava-se 75 grupos evangélicos brasileiros no Japão segundo dados da Igreja Metodista Livre, citados em artigos acadêmicos. Em 2002, eram 200. Em 2007, eram 441, de acordo com a revista evangélica Mensageiro da Paz, sem contar movimentos neopentecostais como a Igreja Universal.

Segundo o sociólogo Masanobu Yamada, professor da Universidade Tenri (Nara), muitas igrejas brasileiras não foram oficialmente registradas como instituições religiosas devido à burocracia japonesa. Por volta de 2008, estimava-se cerca de 500 novas igrejas evangélicas brasileiras no arquipélago. Na década de 1990, os primeiros dekasseguis brasileiros eram majoritariamente católicos não-praticantes.

De acordo com o sociólogo Rafael Shoji, co-organizador do livro Transnational faiths: Latin-Americanimmigrants and their religions in Japan (Routledge, 2014), as igrejas evangélicas estrangeiras se firmaram ao redor das regiões periféricas e bairros brasileiros operários, especialmente os conjuntos residenciais conhecidos como danchi.

O sociólogo investigou a presença de igrejas pentecostais nas províncias de Aichi, Shizuoka, Gifu e Ishikawa, durante temporada de pesquisa na Universidade Nanzan, em Nagoia (Aichi). Entre 2004 e 2008, identificou 313 instituições voltadas a brasileiros: 47% delas evangélicas e neopentecostais, 25,6% de novas religiões japonesas, 20,8% de católicas e as demais budistas, espíritas ou umbandistas. Entre as evangélicas, as mais fortes são Assembleias de Deus (24%), Igreja Universal (10%) e Missão Apoio (10%).

Missão Apoio (acrônimo de Assistência e Preparação de Obreiros Interligados na Obra) é um dos maiores exemplos de expansão do “pentecostalismo dekassegui”. Fundada pelo pastor brasileiro Claudir Machado em 1993, a unidade foi idealizada especialmente para prestar assistência a imigrantes no Japão.

Núcleos religiosos, diz a antropóloga Regina Yoshie Matsue, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), se tornam o espaço por excelência de socialização dos imigrantes. “É onde eles podem desfrutar da companhia de seus pares, fazer network de apoio social para trocar informações sobre empregos e facilidades, dividir experiências e frustrações do dia a dia na fábrica”, exemplifica. Para Matsue, autora de estudos sobre religiões de dekasseguis, durante o mestrado e o doutorado na Universidade de Tsukuba (Ibaraki), a adesão às religiões é um tipo de resposta na busca por identidade e inquietações psicológicas e sociais dos imigrantes, como os choques culturais entre Brasil e Japão.

Igrejas japonesas são vistas como sombrias e sérias, enquanto igrejas internacionais são consideradas mais amigáveis. No treinamento, diz Imayuki, a ideia é enfatizar a assertividade e a expressividade brasileiras, mas equilibrando-as com a cultura japonesa, mais reservada.


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