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Após depressão, Thiago Ribeiro sonha com retorno ao futebol: “Clubes têm pé atrás”

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Thiago Ribeiro venceu o maior adversário da sua vida: a depressão. Aos 32 anos, o atacante com passagens por São Paulo, Cruzeiro, Atlético-MG, Bahia e Santos busca recomeçar a carreira prejudicada nos últimos três anos pela doença, considerada o mal do século pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Morando com a família em Pontes Gestal, cidade distante 550 quilômetros de São Paulo, Thiago Ribeiro recebeu o GloboEsporte.compara um bate-papo exclusivo sobre a carreira, a luta diária contra a depressão e os planos de retornar ao futebol.

Foi no fim de 2014, quando se firmava no Santos após passagem pelo Cagliari da Itália, que Thiago Ribeiro ficou frente a frente com o seu maior adversário. Após uma consulta comum com a psicóloga do clube, descobriu a depressão. A queda de rendimento, a perda dos reflexos, da velocidade, da explosão muscular e, principalmente, da competitividade, foram os fatores que levaram o departamento médico do clube a diagnosticar o jogador com um problema que atrapalharia sua carreira nos anos seguintes.

– Passei por problemas sérios, complicados nesses últimos anos que me atrapalharam bastante. Foram mais ou menos três anos lutando contra essa situação, contra os reflexos que isso causou e não é fácil. Não consegui render o que eu posso render, e a gente sabe que futebol é resultado e rendimento. Esses problemas que eu passei me afetaram muito na questão profissional. Perdi resistência, porque sempre fui um jogador que quando voltava das férias sempre estive entre os melhores em resistência, agilidade, em velocidade, ou seja, quando eu comecei a passar por esses problemas eu perdi resistência, agilidade, velocidade, ou seja, me afetaram muito. Me atrapalharam muito psicologicamente porque eu não estava conseguindo render o que eu posso – disse.

Thiago Ribeiro desconhece as causas que o levaram a sofrer da doença. O tratamento com antidepressivos, segundo ele, não surtiram efeito algum. Foi a fé e o apoio da família que o curaram ao longo dos três anos de batalha contra a depressão.

– Comigo não teve um motivo específico, começou do dia pra noite. Comecei a me sentir estranho, desanimado, triste, sem ter motivo pra isso, porque eu não vinha passando por nenhum problema, em nenhuma área da minha vida, estava tudo correndo muito bem. Quando comecei a conversar com a psicóloga do Santos, que me ajudou muito, passei por um psiquiatra, fiquei nove meses tomando antidepressivo. Percebia que o remédio era para me deixar mais calmo, mas não surtia efeito. O remédio não estava me ajudando. Coloquei a minha fé em Deus e a partir do momento que fiz isso, acreditei realmente que colocando fé em Deus e confiando iria vencer isso. Foi uma coisa gradativa, um pouquinho a cada dia, quase uma melhora que você não percebe, mas conforme o tempo foi passando vi que fui melhorando.

Thiago Ribeiro admite que os três anos em que seguiu jogando, mesmo com depressão, atrapalharam o desenvolvimento da sua carreira. No período após a descoberta da doença, o atacante teve boa passagem pelo Atlético-MG, acabou afastado seis meses no Bahia e foi pouco aproveitado no Santos. Tudo, segundo ele, afetado pelos problemas fora de campo.

– Meu contrato com o Santos acabou dia 31 (de dezembro de 2017) e depois disso continuei treinando. No momento que aparecer uma proposta que me agrade vou analisar, tudo se encaminhando acerto com algum clube. Continuo treinando, continuo me preparando para a hora que aparecer estar pelo menos com 70%, 80% fisicamente. Já teve algumas sondagens, várias pessoas me ligaram pra falar de uma ou outra situação, mas estou esperando algo dentro daquilo que me agrade. Quero que o time fique satisfeito com o meu rendimento e que eu também fique satisfeito com que o time está me oferecendo. Devido a esses problemas que passei, as pessoas dos clubes ficam com um pé atrás de como será que está o jogador, será que vale a pena apostar nele, será que dá pra confiar. Enfim, se cria aquele ponto de interrogação, mas me sinto totalmente recuperado. Eu sinto falta dos treinos, dos jogos, daquela rotina que a gente está acostumado há muitos anos fazer. Fico com falta até da concentração, que às vezes é uma coisa que jogador não gosta por ficar preso em hotel, mas sinto falta de tudo – revela.

Thiago Ribeiro defendeu grandes clubes do futebol brasileiro. Foi campeão mundial e brasileiro pelo São Paulo, vice-campeão da Libertaodores por Santos e Cruzeiro, além de campeão mineiro pelo Atlético-MG.

Foi na primeira passagem pelo Santos que Thiago Ribeiro virou meme e teve o nome comentado entre os torcedores dos quatro grandes rivais de São Paulo. O atacante marcou o gol da vitória do Santos sobre o Vitória, fora de casa, na última e decisiva rodada do Brasileirão de 2014.

Em São Paulo, os jogadores do Palmeiras assistiam aflitos pela televisão a partida. Após empatar com o Atlético-PR, em casa, o Verdão torcia contra o time baiano, que em caso de vitória confirmaria o terceiro rebaixamento palmeirense à Série B do Brasileiro.

Apesar de não ter sido determinante, o gol de Thiago Ribeiro pelo Santos talvez tenha sido o mais comemorado pela torcida do Palmeiras em 2014.Relembre no vídeo acima.

– O pessoal comenta bastante sobre isso, alguns não, vários santistas ficam bravos comigo falando que eu não poderia ter feito aquele gol que salvou o Palmeiras. Os palmeirenses às vezes chegam perto de mim e falam obrigado por aquele gol que você fez. Os rivais do Palmeiras também não gostam muito porque fiz aquele gol. Só que assim, o torcedor é muito emotivo, vai pela emoção. Se tivesse que fazer, faria de novo. Para mim é inadmissível um jogador profissional chutar a bola para fora de propósito porque não quer fazer um gol. Isso é uma coisa muito feia, mancha a história do clube e até do jogador, ou seja, é uma coisa que eu não faria, depois a gente fica marcado. Eu fiz o que tinha que fazer. Sou atacante, estou ali para fazer o gol, a bola sobrou e fiz o gol – relembra e explica Thiago Ribeiro.

Thiago Ribeiro atuou duas temporadas pelo Al-Rayyan. No time qatariano, sem conhecimento dos costumes locais, o atacante passou por uma saia justa logo após o primeiro treino no novo clube.

– Tem muitas histórias que já aconteceram, mas tem uma de quando jogava no Catar. Acabou o treino, cheguei ao vestiário, fui para o chuveiro tomar banho, tirei a roupa de treino, entrei no banheiro, tomei meu banho, saí para trocar de roupa e ir embora. Normal, como sempre fiz e faço normalmente em todos os clubes que eu joguei. De repente, estou vendo alguém falar alguma coisa para mim, só que não entendia, até que traduziram o que estavam falando: você não pode ficar nu na frente dos muçulmanos. Não sabia, porque pra gente isso é normal, você está no vestiário com 30 homens e é normal. Óbvio que se tivesse alguma mulher não ia ficar nu na frente, mas eu ia imaginar que eu não podia ficar nu na frente dos meus próprios companheiros de time?Depois que aprendi isso levava roupa para o banheiro e já saía trocado – conta.

Campeão brasileiro, mundial de clubes e diversas vezes estadual, Thiago Ribeiro se diz contente com a carreira e por ter jogado em vários grandes do futebol brasileiro. Porém, ainda tem o sonho de levantar a taça do campeonato mais importante da América do Sul, a Libertadores. O atacante foi vice do torneio duas vezes, uma pelo Cruzeiro e outra pelo São Paulo.

– Graças a Deus até aqui tem sido uma carreira boa, com passagens por grandes clubes, ou seja, os sonhos que eu tinha quando era garoto graças a Deus consegui realizar de jogar em grandes clubes, me tornar um jogador conhecido, poder dar uma situação melhor pra minha família que é o sonho de todos os jogadores. Na seleção principal ainda não tive oportunidade de jogar, mas é sempre um sonho pra todo jogador. Estou com 32 anos e espero jogar ainda por vários anos, nesses anos que eu ainda tenho pela frente de carreira, espero poder fazer ainda mais do que já fiz, poder fazer gols, conquistar títulos importantes, marcar o nome na história de um clube que é importante. Já consegui título brasileiro, mundial, só que estou em busca de outros títulos ainda. Duas vezes eu fui vice da Libertadores, então é um título que eu tenho muita vontade de ter no meu currículo, ganhar uma libertadores, pra um dia voltar a jogar de novo um Mundial de Clubes. Ainda tenho muitos sonhos e objetivos e com fé em Deus vou em busca deles, quero jogar por vários anos, mas em nível de competividade e de boa performance, é isso que eu planejo – projeta.


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