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Léa Campos: A Morte de um Mito

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lea_camposO Brasil perde uma referência na arbitragem do futebol: Armando Nunes Castanheira da Rosa Marques, faleceu no Rio de Janeiro, aos 84 anos de insuficiência renal.

A carreira de Armando Marques foi marcada de sucesso e de polêmicas, seu gosto por querer aparecer mais do que os jogadores era notória. Foi o único árbitro a expulsar de campo o jogador Pelé. Também Nilton Santos teve seu desafeto com Armandinho quando o agrediu com um soco nas escadarias do Maracanã.

armando marquesAlém de árbitro, foi diretor de arbitragem da CBF e membro da comissão  da Conmebol e da FIFA.

Apesar de ser polêmico era sempre chamado para apitar jogos decisivos estaduais, ao longo do Brasil.

Apitou em duas Copas do Mundo: 1966 e 1974, ano em que encerrou sua carreira de árbitro e se dedicou ao turfe, gostava de cavalos de corrida.

Lembro que Armando não apitou nenhuma final de mundial, honra que coube a dois árbitros brasileiros: Arnaldo Cesar Coelho e Romualdo Arppi Filho.

Tive a oportunidade de estreitar amizade com ele depois de um encontro, um tanto polêmico no Mineirão, quando eu apitei uma preliminar e ele o segundo jogo. Ao chegar ao vestiário reclamou que ali era um local para homem e não para uma mulher e que eu deveria deixar o local. Respondi em tom de brincadeira que não havia problemas que ele entrasse e que quando chegasse algum homem sairíamos do vestiário.

Ele ficou bravo dizendo que era homem, retruquei dizendo que os comentários eram outros, mas não passou a maiores e acabamos rindo.

Ele comentou minha atuação no jogo e eu fiz o mesmo sobre o desempenho dele no outro jogo.

Algum tempo depois voltei a reencontrá-lo na sede da CBF no Rio de Janeiro, onde me surpreendeu com uma orquídea, dizendo que uma flor só ficaria bem com outra flor nas mãos. Este gesto era repetido todas as vezes em que nos encontrávamos  estando na CBF como em qualquer outro evento.

Armando me apoiou muito em minha caminhada na arbitragem, me elogiava para os que por mim perguntavam e depois que surgiram outras mulheres árbitros ele nunca deixou de dizer que além de pioneira, na opinião dele era melhor do que as que estavam atuando.

Perdemos um árbitro temido e respeitado por todos. Um mito para alguns e para outros um ídolo.

Muitos o tinham como referência, como guia, outros tentaram imitar seus gestos um tanto femininos dentro do campo, como foi o caso do árbitro apelidado  de “Margarida”.

Seu uniforme diferenciava dos demais por ser de seda pura, seus cabelos sempre penteados para trás era sua marca registrada e apesar de dizer que era kardecista nunca abandonou a imagem de Nossa Senhora Aparecida, que ele colocava no vestiário com velas e flores, a quem pedia sua proteção antes dos jogos.

Certa vez num programa de televisão no Rio de Janeiro, Armando desafiava aos aficionados do futebol, a formular perguntas sobre arbitragem com o objetivo de expulsá-lo de campo.

Ajudada pelo meu mestre de arbitragem em Belo Horizonte, Capitão João Felix Jr. fui ao programa e com minha pergunta o expulsei do programa, o que encheu de orgulho naquela época.

Os profissionais da arbitragem não apenas no Brasil, mas por onde ele exerceu a função de árbitro, perderam um grande mentor, eu perco além do profissional um amigo que sempre me aconselhou e me deu forças par seguir em frente até alcançar meu ideal.

Obrigada Armandinho. Descanse em paz.

Informar é um privilégio, informar corretamente uma obrigação.

Léa Campos


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