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Léa Campos: Primeira Dama das Piscinas

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associacao atletica sao paulo piscinaMaria, como muitas brasileiras, nasceu em São Paulo, em 1915, filha de imigrantes alemães, deixa um legado difícil de cair no esquecimento.

Foi a primeira mulher a representar o Brasil numa Olimpíada, sendo inclusive a única mulher sul americana, o que aconteceu em Los Angeles em 1936, com seus 21 anos quase todos dedicados à natação.

Maria Emma Hulga Lenk Zigler, é um símbolo brasileiro dentro da natação.

Acometida por uma pneumonia dupla, Maria foi incentivada pelo pai a nadar para melhorar o desempenho respiratório.

Não havia muitas opções e ela começou sua vida de nadadora no Rio Tietê em São Paulo, que naquele então não era poluído como é nos dias atuais.

Nadar era sua obsessão, e sempre que via uma piscina se metia de corpo e alma.

Nos anos 40 excursionando pelos Estados Unidos quebrou 12 recordes mundiais norte-americanos, era a única mulher da delegação de nadadores sul americanos, aproveitou sua estadia em solo americano para concluir o curso de Educação Física na Universidade de Springfield.

Em 1939 se preparava para as Olimpíadas de Tóquio, que na verdade não chegou a ser realizada, devido à II Guerra Mundial, quebrou dois recordes mundiais, 200m e 400m ambos de peito, sendo a única brasileira a conseguir essa proeza.

Apesar do favoritismo em todos os jogos Olímpicos nos quais teve a chance de participar, o ambicionado ouro feminino na competição só foi possível 68 anos mais tarde, quando a saltadora e velocista Maurren Maggi subiu ao pódio para receber nossa primeira medalha de ouro, categoria feminina de salto com vara em 2008 em Pequim.

Embora nunca tenha conseguido uma medalha olímpica, Maria tem um recorde que dificilmente será quebrado.

No ano 2000, no Mundial de Masters, para 85/90 anos, nossa menina trouxe de Munique com 5 ouros : 100m peito, 200m livre, 200m costas, 200m medley e 400m livre, ocasião em que ganhou o título de Mark Spitz da terceira idade,  uma referência às 7 medalhas de ouro que o nadador norte americano nas Olimpíadas de Munique em 1972.

Maria Lenk foi a introdutora do nado borboleta em competições oficiais.

Destaco o pioneirismo de nosso ídolo, como a primeira nadadora brasileira no Swimming Hall of Fame, em Fort Landerdale na Flórida.

Em 2007 a prefeitura do Rio de Janeiro, por meio de decreto, deu o nome de Maria Lenk ao Parque Aquático do Pan-Americano.

Dedicou seus últimos dias de vida fazendo o que mais gostava, nadando por dia 1.500 metros.

Maria foi Co-fundadora da Escola Nacional de Educação Física da Universidade do Brasil, atual, Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi também membro vitalício da

Sociedade Americana de Técnicos de Natação.

O sonho de muitos profissionais é morrer fazendo o que mais gosta, não posso afirmar que este era o sonho de Maria, mas o fato é que em 2007, quando nadava na piscina do Clube de Regatas Flamengo, Maria não conseguiu vencer um adversário oculto, e acometida de uma parada cardiorrespiratória nos deixou aos 92 anos de muito bom humor, alegria e sobretudo disciplina e amor à natação.

Um exemplo de vida a seguir, uma mulher com atitude firme e lutadora, vencendo os obstáculos impostos sem nunca desanimar.


Social Press . 21/07/2016

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