O preconceito contra a mulher vai continuar se baixarmos a guarda, se desistirmos de nossos sonhos.
Sonhar é um direito e realizar os sonhos uma meta, não podemos permitir que nos achem inferiores só por sermos mulheres.
Estamos lutando por nossos direitos de ter o espaço que podemos ocupar sem interferir no espaço dos outros e continuaremos lutando.
O sonho das meninas com menos de 15 anos é jogar futebol, e são proibidas de fazê-lo porque nosso futebol está em mãos masculinas que por medo não apoiam as meninas desde pequenas, depois dos 15 elas procuram as clínicas onde estão selecionando meninas para jogar futebol pelo que não precisam de campeonatos especiais.
São muitas as meninas entre 10 e 15 anos que jogam em times de meninos, como é o caso de Laurinha em São Carlos.
Preconceito é tão grande que nem quando as meninas mostram superioridade, frente aos meninos, elas conseguem ser respeitadas.
Recentemente tivemos o caso de um campeonato masculino, quando permitiram que houvesse meninas no torneio, e o gosto amargo da derrota estão tentando engolir, sem sucesso.
Jogando contra os meninos as atletas de até 13 revelaram no Centro Olímpico de São Paulo, que no campo são tão boas ou até melhores do que os meninos.
A Copa Moleque Travesso, torneio masculino sub-13 aceitou a inscrição de meninas, pois como é sabido não existe espaço para um torneio feminino nesta faixa etária, por total desinteresse do próprio governo, principalmente a secretária de esportes de São Paulo, o que é um absurdo.
A campanha das meninas teve três vitórias, duas derrotas e dois empates, credenciando o terceiro lugar na classificação e vaga nas semifinais.
Os adversários repudiavam a ideia de perder para uma equipe feminina.
Os pais não conseguiam assimilar a derrota, mas não agrediam as meninas e sim os próprios filhos, não admitiam a perda de uma dívida, levar um drible ou perder na corrida para as jovenzinhas.
A decepção era tanta que chegaram ao cúmulo de dizer que futebol não era para meninas.
No encontro que valia o lugar na final, a equipe pegou o Olímpia, time que não aceitou a participação das atletas para quem havia perdido pelo placar de 2 a 1, na fase de grupos.
A decepção aumentou quando as meninas ganharam a semifinal por 3 a 1, a irritação era notória e uma enorme dose de frustração por tratar-se de uma equipe feminina, os derrotados apelavam e diziam que os meninos tinham medo de machucar as garotas e que por isso futebol não é para elas, essa era a muleta usada pelos perdedores.
A vitória na final foi contra o São Paulo Piloto, vencido por 3 x 0, e rendeu além do troféu, a eleição da zagueira Lauren Leal como a melhor jogadora do jogo, além da goleira Marcelli, premiada como a melhor goleira da Copa Moleque Travesso.
Os orgulhosos papais das meninas fizeram camisetas para as fases finais, bem como defendendo os direitos de as mulheres jogarem boa.
Dita atitude foi elogiada pelo técnico: “Os pais passavam para nossas atletas uma certa luta, uma resistência contra todo o preconceito em volta”.
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