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Léa Campos: Investigar para Respeitar

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Não quero toda a brasa sob minha sardinha, apenas reivindico que respeitem minha luta para que as mulheres possam conseguir outros campos de trabalho.

Rompi o tabu da proibição da mulher no futebol na década de 60 e gostaria que mencionassem este pioneirismo. Pesquisem para saber quem abriu esta porta e deem o crédito. O Google acaba de colocar um trabalho que relembra toda minha trajetória no futebol.

Em parceria com o Museu do Futebol de São Paulo, o “MUSEU DO IMPEDIMENTO” relata tudo o que fiz, não somente pela arbitragem feminina, como também pelo futebol feminino, que era proibido pela Constituição brasileira.

Na minha época, o curso era para árbitros, não havia a separação de auxiliares, todos fazíamos um único curso e por ser a primeira no mundo nunca auxiliei nenhum colega, sempre fui o principal.

Apitei em muitos campos de terra e foi o que me deu mais experiência, não tinha auxiliares, apitava sozinha e nunca decepcionei os jogadores.

Apitei jogos de aspirantes, última categoria para se tornar profissional e foi muito bom também.

Graziele Maria Crizol, foi auxiliar de árbitro em São Paulo, onde fez o curso de arbitragem da Federação Paulista de Futebol em 2004 um ano depois começou a trabalhar nas categorias de base e nas competições femininas como todos os demais colegas. Por sua alegria, conquistou a todos do meio esportivo de seu estado.

Depois de deixar o campo resolveu buscar outros horizontes e conseguiu encontrá-los nos Estados Unidos para onde se mudou para aprender inglês em 2013 e se apaixonou por Los Angeles.

Graziela, como outras árbitras e auxiliares, encontraram dificuldades nos treinamentos físicos, o que de certa forma contribuiu para seu afastamento dos campos de futebol.

Felizmente nunca tive problema com os treinamentos físicos, já que, por ser “Rainha do Exército”, consegui autorização do comandante do XII Batalhão de Infantaria, para fazer exercícios com os soldados o que me ajudou a ter um aproveitamento de 100% nos testes aos quais fui submetida.

Ser árbitro é uma questão de sangue e nunca abandonaremos de vez a profissão.

No meu caso, um acidente que me levou a fazer 102 cirurgias para não perder a perna  e voltar a caminhar, foi a única causa de meu afastamento. Sinto saudades.

Tive a oportunidade de apitar em vários países e levar ao mundo uma nova oportunidade de trabalho para a mulher.

Assim como Graziela, eu também moro nos Estados Unidos, em New York, e o futebol de uma ou outra forma continua em minhas veias.

Vou ao Brasil todo ano e amo minhas raízes.


Social Press . 30/05/2019

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