É gratificante ver, que apesar de todas as dificuldades que as mulheres encontram para se imporem em determinados trabalhos, nossa árvore continua dando frutos. Quando fiz o curso de árbitros de futebol em 1967, não pensei que fosse conseguir que outras meninas me apoiassem fazendo o curso. Meu desejo era apenas mostrar que podemos fazer tudo o que queremos. Como sempre digo, se podemos dar vida a outro ser, podemos tudo.
Hoje vejo com muito orgulho que não só no Brasil, mas também em outros países e em muitos, sou mencionada como inspiração. Recentemente tomei conhecimento de outra mineira, que está lutando como fera para galgar os degraus da arbitragem. É difícil? Sim, mas não impossível. Andreza vem mostrando que com disciplina e dedicação tudo é possível. Segundo suas próprias palavras, ela não pensava em ser árbitra. Ela jogava futebol e quando decidiu parar de jogar, uma amiga dela, de nome Márcia que trabalhava na Liga de Contagem, lhe deu uma ficha de inscrição para o curso de árbitros, dizendo que tinha tudo a ver com ela. Andreza disse que conheceu minha história, a da Edna e de outras árbitras e se animou a fazer o curso. Perguntei se encontrou dificuldade para se impor.
Ela foi enfática ao responder: “Sim e ainda encontro. Sei que estou num meio machista e às vezes é difícil lidar até com a própria equipe com quem trabalho e colocar em prática o plano de trabalho, mas a cada dia vou conquistando mais confiança das equipes e das pessoas com quem trabalho”. Andreza fez o curso no segundo semestre de 2016, e segundo ela começou a trabalhar em outubro do mesmo ano. Perguntada sobre os objetivos, metas e sonhos como profissional da arbitragem, ela diz com muito orgulho: “Um dos meus sonhos acabei de realizar, que é ser árbitra internacional da FIFA. Agora tenho como objetivo a curto prazo estrear como árbitra principal no Mineiro Modulo I, no Brasileiro série D e Libertadores feminina. A longo prazo, gostaria muito de atuar no Brasileiro série A e quem sabe participar de uma Olimpíada”. No que se refere a remuneração, tem que ter outras entradas e no momento ela diz que tem uma sociedade em um delivery de comida brasileira. Quis saber se passaria seu entusiasmo para outras meninas, ao que ela respondeu: “Com certeza! É muito bom ver o quadro feminino de arbitragem crescendo e conquistando cada vez mais espaço nas competições. Poder inspirar outras meninas é muito especial”.
Andreza diz que foi bem recebida pelos colegas de profissão,”só que às vezes sinto que eles me acham frágil apenas por ser mulher, rsrs”. É muito bom saber que as entidades responsáveis pela arbitragem no futebol estão apoiando novos valores. Meu recado para Andreza: “Quando te acharem frágil por ser mulher, pergunta se eles são capazes de ter um filho. Julgar a capacidade das pessoas pelo sexo é uma forma odiosa de discriminar. Bola para a frente sempre, Andreza. Como sempre digo: “Não jogue a toalha antes de subir no ringue. O triunfo é o prêmio dos que lutam por suas convicções”.
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